terça-feira, 11 de novembro de 2008

CACHORRO VELHO NINGUÉM QUER

Um cachorro velho. Doente. Triste. De uma vida saudável, cheia de aventura, carinho dos humanos, ficou velho, decrépito, apodrecido, sem força nem vontade de agradar ou ser agradado. Irremediavelmente Velho. Tempo da destemperança. Velhice é foda. Dente podre, difícil de roer o osso. Latido sem vibração, pele seca.
Largado, moribundo, atrapalha o ar de quem respira, suja a roupa de quem o suporta. Hesita em aceitar o estado da natureza ou entra pelo caminho vil da felicidade gasta. Um lagarto que passa é motivo de emoção. Mata o bicho, come a carne. E o resto? Dormir, ouvir o silêncio da madrugada e saber mais e mais que é solitário. Mais um velho cachorro solitário que ninguém quer.

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