quarta-feira, 31 de outubro de 2007

ZIZEK, NEGRA LUZ

Dividido com vocês brevemente meus estudos sobre Slavoj Zizek . Estudos para enveredar na tessitura do real e não para morrer dentro de mim. Estou admirado por suas idéias. Esloveno , sociólogo, filósofo e psicanalista lacaniano, Zizek é fortemente influenciado por Lacan,Marx e Hegel.
Autor de vários livros entre os quais "Eles não sabem o que fazem: o sublime objeto da ideologia", "O mais sublime dos histérico: Hegel com Lacan", "Um mapa da ideologia,"Bem vindo ao deserto do real", "Arriscando o impossível". Hoje é um do grandes nomes da filosofia social mundial.
Zizek ( acima dos Zs em seu nome, há um acento circunflexo ao contrário, acento de línguas eslavas, em que não há funcionalidade em meu teclado para tal chepeuzinho invertido ) aborda diferentes questões contemporâneas Por questão de espaço estarei desenvolvendo duas idéias do autor: a tolerância atual em mundo multicultural e o compromisso com a própria vida:

Tolerância:
Para o autor, em um mundo de opções aparentemente infinitas, as escolhas reais são mínimas. Tudo é permitido, pode se desfrutar de tudo, mas despojada da substância que o torna perigoso. Deste modo, tolerância significa deixe-me em paz, pois não quero ser incomodado por você.
O capitalismo global orquestra grandes contribuições financeiras humanitárias que é uma forma de manter a distância com quem sofre regulando-a através do dinheiro. O outro deve ser entendido como uma abstração, como se já estivesse morto. Ao invés de tolerância ao outro é mortificação ao outro. Abstraímos o outro em um caldo de cultura inodoro, num discurso de aparente respeito, para que a distância esteja mantida.
O discurso ocidental também determina o que deve ser tolerado. Assim fundamentalismo –islâmico é intolerante pois não está no cânone dos direitos universais ocidentais. Por que nós é que determinamos o que deva ser tolerado? Desta forma o budismo, maoismo já foi apreendido pelo capitalismo global enquanto o islamismo é o único foco que se opõe a ética capitalista.

Compromisso com a própria vida:
O modo de vida de grande parte da sociedade atual tem a idéia de que a vida não tem sentido último e a única meta acaba sendo a felicidade pessoal. Assim, o valor mais elevado seria continuar a própria vida. Em uma atitude pequena de sobrevivente.
Portando se diz falsamente que vivemos hoje uma sociedade de risco porém os riscos que as pessoas têm são riscos passivos e não ativos. E vão prolongando a vida até a morte..
Para o autor, há de se ter coragem de assumir riscos, pois a a vida não é meramente vida, é sempre acompanhada por um certo excesso ou por algo pelo qual as pessoas podem arriscar a própria vida. Assim o autor defende que hoje temos que reabilitar mais do que nunca termos como "eternidade", "decisão", "coragem"e heroísmo".
Como nos lembra Zizek baseado em Hegel o espírito é sempre um esqueleto" e não podemos assim separar a mais íntima experiência física de suas dimensões trancedentais. Adentrar este real é arriscar o impossível.
Para desenvolver algum aspecto do texto, envie uma mensagem que farei com todo prazer para o email do interessado.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Marcelinho da mamãe

Lourdes, é uma empregadinha da Penha. Safadinha, pega o trem lotado para ser esfregada por homens de pouco apuro. Trabalha de sainha rosa e quando é coxada dá a sensação para o homem, de quê levitou o bumbum para ser chegada com mais facilidade. Batons vermelhos bem torneados produzem uma boca maior que a natural . Maior e mais sensual.
Lourdes não gosta de trabalhar. Arruma as bagunças de uma senhora velha pelo centro e volta fogosa para casa em um ônibus lotado que a esmaga, matando de prazer.

Marcelo, é um executivo do mercado financeiro da Barra, que trabalha com papéis e tem o discurso afinado com o que é chamado de "modernidade". Marcelo tem o maior respeito dos porteiros, pois sempre sai alinhado, tem uma voz calma e baixa , em uma frequência suave de quem é certamente "bem educado." Marcelo vê a família da noiva todo final de semana, tem um filho com a cara do pai e não poupa esforços pra agraciar o lindo bebê.
Marcelo um dia teve um caso com Lurdinha.
Lurdinha dedurou Marcelo para a esposa e o casamento de anos terminou.

Acima foi escrita uma estória mal contada de uma forma brasileira truísta, socialmente aceita.
Qualquer estória tem milhares de formas contadas . A representação do real não é única. Isso não impede crítica.
Tropa de Elite, TV Globo e outras mídias contam estórias de uma forma específica.
Especificamente, por quem tem o poder, a instituição ou a grana do seu lado. O som reverbera. O fraco emudece.
Lurdinha não existe. Ou existe da forma chapada acima.
Falo Lurdinha, em nome de assaltantes, puta de rua, mendigos...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Carteirinha do Real é Vitalícia

Hoje cancelei minha inscrição no real. Estou devolvendo minha carteirinha . Para quem ficou , boa condenação.
Agora eu posso tudo, suspenso , tudinho posso. Me enxergar , ser o corpo do outro, e sendo o corpo do outro chego no coração do outro. A consciência do absurdo , o cheiro inodoro. Assim me integro, sem me despedaçar.
Se meu corpo não é meu , o meu corpo é seu e é de todos, e não sou mais eu, posso ser todos. Meu corpo é o seu, meu jeito de andar é o seu. Seu sorriso é o meu.

Se a estória acima for mentira, deverei continuar no real e chegar até o outro pelo caminho das trevas, enigmático, cheio de ratos e baratas entrando pelos poros.
Alcançando o outro depois desta batalha sugadora, imponho minha superação sobre a morte.
Refém da harmonia da alma, imporemos nossas armas: sexo, amor e amizade.
Quanto mais vivo e belo , o gozo relaxa , amamos a inutilidade do outro, chegamos mais perto de Deus. Não ser a mosca de kafka ajuda a se libertar. O trabalho opressor castra as potencialidades.
Vida compromissada com o amor ao outro e consigo mesmo , atuando para justiça social, delirando com as artes e obrar com técnica, empurrando a preguiça de lado .
O lance é não morrer em vida.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Números que Ardem

Timidamente os veiculos de imprensa noticiaram esta semana os dados consolidados do IBGE sobre desigualdade social do Brasil. Comparando de 1996 para 2006 os números mudaram muito pouco.
Os números são assustadores. A renda média per capita familiar dos 40% mais pobres é de 147 reais.
Traduzindo o economês, cada pessoa apta para trabalhar ( o IBGE exclui pessoas menores de 11 anos) dentre os 40% mais pobre do Brasil recebe em média 147 reais por mês.
A renda média per capita familiar do 1% mais rico é de 7.400 reais. A renda média per capita familiar dos 20 % mais rico é de 2.500 reais.
A desigualdade é abissal , mas o que mais incomoda é que a grande maioria da População brasileira é pobre.
Esses números são quentinhos, sairam esta semana direto do inferno. Talvez todos intuam isso andando pelas ruas. Nascemos num país pobre, com a eterna esperança de que um dia tudo vai mudar.
O que salva muitas pessoas é a rede de proteção social que temos de modo informal que faz o papel de estado. É a esmola, o resto de comida, o mercado informal fazendo uma função divina. As vezes sinto-me próximo de Deus comprando um cd pirata.
Responsabilidade é de todos, não somente do governo. Perdurar o status quo é a defesa da elite brasileira.Temos micareta, somos alegres (sic), mas temos uma elite famosa muldialmente pela breguice dos costumes consumistas, gozadoras de paus europeus e americanos .
Açoes do governo como forte tributação progressiva ( paga mais quem ganha mais), tributar herança e gerar um movimento de comunicação de massa de que não está bem para alguém não está bem para ninguém.
Corrupção em parte é resultado da pobreza. Temos que divulgar mais este mote, "Se poder gera corrupção miséria também gera." O mote" o poder corrompe " já pegou a muto tempo. Só poderoso tem justificativa para cometer delito. Isto também é injusto.