Flávio tinha máu hálito. O que no começo era piadinha de família, virou crônico na adolescência. O ar que emanava da boca de Flávio era horrível. Horrível ainda mais para ele que não se desvencilhava daquele mau cheiro que lhe rondava.
Esperançoso, Flávio fez as tentativas tradicionais: pastas de dentes especiais, listerines, escovação turca, halls , fortes bebidas alcoólicas pela manhã que de nada adiantaram. A fedentina se instalara nas profundezas do seu ser e a ciência não havia criado nada que fosse suficente para eliminá-lo.
Por uma grande tristeza, Flávio foi abatido. Perdeu a fé divina. Se Deus existisse, não seria capaz daquela maldade com ele.
Quando estava conversando com amigos, não havia alma generosa que conseguisse permancer ali , ainda que por um pequeno instante. Era sempre convidado para uma maldita "balinha". Recebido o convite, a ficha caía e o nível da tristeza subia. Ultrapassada a vergonha, Flávio foi a um psicanalista. Monólogo vai, monólogo vem, Dr. Xavier interrompe Flávio e solta a grande sacada:
- Você terá que conviver com isto. É o que você tem de diferente. Alie-se ao inimigo.
Olha que as palavras do Dr. fizeram bem a Flávio. O odor não desapareceu, mas a consciência tranquilizou. Relaxado, acabou conhecendo uma mulher interessante. Sabrina não se incomodava com o hálito de Flávio. Também era portadora do mesmo mal.
Flávio ficou feliz , mas ressabiado com o Dr. Xavica. No fundo, o que queremos é alguém parecido conosco. Nem que seja, no nosso pior.
quarta-feira, 6 de agosto de 2008
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