sábado, 28 de julho de 2007

Santos

Quando sinto, escrevo mais fácil. Falar de Santos é moleza. Poucos sabem, mas Santos é uma ilha. Ilha de São Vicente. Porto + Caiçara + Portuga + Quilombola foi a mistura dada . O caldo que deu, tem gosto forte. Não é para qualquer paladar.
Alguns dias de Santos são suficientes para captar seu borogodó. Chuva fina molhando a extensa e batida faixa de areia. Na praia santista, o futebol de quem é ruim logo aparece. Lá, a fina flor de craques desfila mais pelo ataque. O terreno ajuda o drible. Para o tamanho da cidade, 3 gloriosos times de futebol são uma bela façanha.

Andando pela cidade, o canal é a bússola. São sete canais, esta obra fantástica do sanitarista Saturnino de Brito, que cruzam a praia e distam entre si em 1km aproximadamente. Uma rara cidade plana que facilita a locomoção, a pé e principalmente de bicicleta. Fora isso, existem alguns morros que gravitam entorno da planície.
Pelos lados da praia, existe um jardim frontal a ela, que está no premiado Guiness Book, pois acompanha os 7km da orla. Porém, o importante sempre foi sua beleza e harmonia.

Aqui em Santos, o pronome “tu”, em sua oralidade popular não concorda com o verbo que fica na terceira do singular. Ao se ouvir tal construção gramatical em São Paulo já sabe que tem santista no pedaço. Falando nisso, é normalmente longe de Santos que percebe uma forte unidade espiritual de santistas quando se esbarram. Apostaria suas razões calcadas na jovialidade das pessoas ( característica da praia) com a essência de cada um vomitando o que é(contraponto com as cidades grandes em que há o gosto médio de ser blasé).

Cidade antiga que ainda vive do seu passado. Zona portuária, comércio e pesca fazendo a diferença. A prostituição associada aos negócios levou Santos ao título nos fins dos 80 de Capital Brasileira da Aids. Durante muitos anos, a cidade foi somente lembrada por isso. Para os santistas, o título não era homenagem , mas sabíamos os motivos e isso não dasabonava nem um pouco. Pelo contrário o amor só aumentava.

Outra provocação recebida é de que o mar de Santos é feio pois é escuro. Bonito seria somente do litoral norte Além disso, a areia não é branquinha. Pobres criaturas. Foram acostumadas a assistir ao cinemão americano. Quando vêem um bom filme cubano não vão gostar . E se exigem isso , aqui do lado tem o Guarú (Guarujá pros íntimos) que faz parte da Baixada Santista -Cubatão, Guarujá ,Santos e São Vicente.

As cidades de nossas vidas têm um papel importante na personalidade e fico feliz de ser de Santos pelo que essa cidade chuvosa, progressista, praiana, esportista, portuária, de altos índices de droga e prostituição me deu como ser humano. Afinal como dizia o saudoso Plínio Marcos: “ Sou o que sou, porque sou da baixada , meu Lorde”.

Um comentário:

Leila Richers disse...

Legal, Breno. Juntando o seu texto com o que tenho lido e assistido do Plínio Marcos, dá uma grande vontade de passear por essa cidade que, acima de tudo, parece oferecer "entrada franca".