Uma vez que é baseado na obra de Plínio Marcos, o filme apresenta diferenças em relação a obra original. Diferenças a parte, restrinjo minha análise no que as duas possuem em comum.
O olhar a partir do referencial Querô, personagem principal, é oposto as produções culturais que normalmente colocam o excluído numa posição de objeto e não de sujeito.
Porém o que o torna única mesmo em relação a outra obras que roteirizam a partir do excluído, é que não se imputa uma áura moral no garoto em busca da superação.
Taí a ruptura do Plínio com o discurso burguês de salvação da humanidade. O menino não tem expectativa, é resultado de como nasceu e o efeito é determinado por tais causas, sem colocar no garoto possibilidades nobres que apaziguem a alma do público.
Outro ponto importante tanto na obra original quanto na adaptação do filme é a densidade orgânica dos personagens. O mestre Plínio para fazer diálogo injetados de concretude põe qualquer um no chinelo. As palavras addquirem forças de expressão tendo o peso de quem conhece visceralmente a dor e as mazelas de um povo na qual o sofrimento animal é a tônica da vida.
Passaram –se 31 anos que esta obra original foi escrita, Querôs e mais Querôs crescem e morrem num piscar de olhos diante de um olhar dominante que massacra meninos com o discurso “não dá o peixe, ensina pescar”.
Sem vara e anzol, pescar vira discurso vazio.
Fenomenal Obra-Prima de humanidade, conscientizando e atentando-nos das armadilhas estético-sociais montadas pelos poderosos.
sábado, 22 de setembro de 2007
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Um comentário:
Olha, que boa crítica vocé fez! agora, náo quero perder esse filme. parabens!
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