segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
2009
As pessoas precisam acreditar. Eu sou o primeiro. Se não acreditar, fudeu. É como o frango que passou um tempo a mais dentro do forno. Não volta. Porém, daí acreditar no calendário, em um novo amanhecer, em que tudo vai mudar porquê o ano novo chegou é a maior babaquice. Mudamos em um 3 de abril tanto quanto na data de aniversário. Em um 25 de setembro como na véspera de ano novo. Gosto das mudanças orquestradas dentro da cabeça e não datadas pelo comércio ou ainda por convenções históricas. Gosto de caminhar seguindo minhas vontades, ainda que elas sejam parcialmente determinadas pelos acontecimentos de "fora". Milhares de mudanças ininterruptas acontecem no corpo e no espírito. Algumas são marcantes e visíveis ,outras, atuam nos bastidores e depois causam grandes efeitos, além das pequenas que se sucedem, ganham volume, e alteram a natureza. Preferia uma sociedade com indivíduos dialogando não como marionetes da mídia, engendrando pensamentos mais livres. Preferia uma sociedade com indivíduos dialogando libertos da compostura das vestes e não como refratários da moda. A moda dita , padroniza e portanto empobrece. Preferia uma sociedade com indivíduos e não marionetes de seriados americanos. O jeito de falar, os trejeitos modulados a partir de um modo que valoriza status, grana, moda e outras frivolidades. Preferia uma sociedade com indivíduos conversando mais, sendo mais gentis, respeitando o outro, lembrando que discordar pode vir junto com respeito. É só lembrar que discordar é negar todo um arcabouço já constituído pelo outro, e fazê-lo com ironia ou desdém é ofender o espírito alheio. Preferia uma sociedade com indivíduos olhando mais no olho do outro. Quando olho no olho transmito mais do que se é. Os adultos precisam acolher mais a sinceridade das crianças. A grande maioria se esquece disso quando adentra o mundo adulto. Prefiro uma sociedade que possa navegar com mais insistência pelo bom teatro, cinema, música, artes plásticas e que saiba que essa travessia ajuda ao coração. Onde tem muita grana no meio das artes terá menos liberdade para tocar a alma pois a alma para ser tocada, prescinde de grandes espetáculos. Enfim, tá todo mundo na estrada, mas do que acredito, quero sempre lembrar.
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