Multidão assonada levanta para trabalhar.
A música do despertador é ruim , o sono é bom. O trabalho, geralmente, é chato.
Mulher furta chocolates no supermercado de dia e à noite cuida de velhinha desamparada.
Perua faz generosas caridades aos asilos e maltrata em casa a faxineira.
- Minha vocação é pastora e não enfermeira! repete com a veemência de quem sabe o que fala.
Irmãos conversando. São garotos trabalhadores sonhando com um mundo melhor.
Um comenta sobre a surra que o tio deu na tia, interrompido gentilmente pelo outro, pedindo a mantega do lado da mesa.
Menino arteiro não é compreendido pela família que o leva ao psicanalista. O cachorro já o sacava, humano.
Pessoas almoçam sem fome, mentem para si mesmo, sorriem com força, brigam sem motivo .
Ainda que sofram quando dói.
Pesquisa na frente do museu para saber se o aumento da frequência de visitantes deve-se à exposição do momento ou ao frisson causado pelo roubo de dias atrás.
Homem veste-se do seu time de futebol, escraviza o filho pro mesmo time, tv paga para ver os jogos e sonha com a esposa vestida sensualmente com a roupa do seu maior rival.
Homem mata a mulher grávida e o futuro bebê com tiros precisos na barriga da gestante. O filho era dele. O motivo recôndito: mistura de cachaça com farda de general.
terça-feira, 29 de janeiro de 2008
segunda-feira, 21 de janeiro de 2008
Juntos
Anônimos, trocaram sorrisos
Tímidos, se encontraram
Sabiam o que sentiam
Apesar do bom senso dos amigos
E não escondiam segredos de ninguém
Cabendo ao mundo conhecê-los
A palavra "passado" foi esquecida
Acreditando que vida não se constrói
Flor não precisa ser perfeita
E comida pode ter pouco sal
O cheiro do outro apagava as palavras
Embaçava o céu
Na dispensa, macarrão e cerveja
Sobre amor, um copo de água à dois
Finalmente, admitiam não sonhar.
Tímidos, se encontraram
Sabiam o que sentiam
Apesar do bom senso dos amigos
E não escondiam segredos de ninguém
Cabendo ao mundo conhecê-los
A palavra "passado" foi esquecida
Acreditando que vida não se constrói
Flor não precisa ser perfeita
E comida pode ter pouco sal
O cheiro do outro apagava as palavras
Embaçava o céu
Na dispensa, macarrão e cerveja
Sobre amor, um copo de água à dois
Finalmente, admitiam não sonhar.
terça-feira, 15 de janeiro de 2008
Miséria
Guerra Fratricida
Centro da vida
Explode Uruguaiana
Rio de lágrimas
Sujeira camarada
Na presidente vargas, centro do rio, vagabundo dorme enfileirado. Tem que dormir e não sonhar. Se delirar é melhor não acordar. Tem que ouvir, vai fazer o quê? É muito pobre! Não tem solução!
E não pode rir nem chorar. Se chorar, vai apanhar. O papo é viver. E viver com as glórias que a vida dá. Já falei que não pode sonhar. O lance é comer, engolir, parir.
De dia , é fugir. A natureza só fode, se não é a merda da chuva, é a porra do sol na cara. Nunca ajuda!
Tem que garantir o sustento nas migalhas. Nisso, o capitalismo é camarada. Diz que é bom, cresce e distribui. Rola até pedaço de macdonalds no lixo.
Lixo do centro é nutritivo. Tem qualidade. O ruim é que o pessoal não ajuda, não separa o que se aproveita do que não se aproveita. Não aproveita, pra gente, é comida estragada. O reciclável não incomoda, se não quiser separar, não precisa. Pensar ecologia é tá de barriga cheia. A noite, fumando um cigarro vagabundo a gente pensa cobrindo os pés do vento frio que esses putos não sentem fechado nas suas paredes. Sei que somos revoltados, vai entender.
Briga é alimento pra alma. Vira e mexe a porrada come. A diversão é que vai formando grupos. Líder bêbado sempre se fode. Uns são mais folgados, outros menos. Tem neguinho querendo levar vantagem em tudo. Não basta ter espaço garantido, quer sombra e água fresca. Só pensa nele. Depois que morre não tem com quem reclamar. As vezes vem uma galera dar comida. Tem filho da puta que não tem mais fome, mas continua comendo. São uns porras de uns gulosos. Acham que pode virar reserva pro dia seguinte. Será que não sabem que tudo vira merda fedida nos becos. No dia seguinte, esse povinho trabalhador reclama que o cheiro na cidade tá muito ruim. Quando a gente come bem, eles reclamam? Vai entender. São um bando de gente responsável. Acordam cedo, andam rápido. São tudo trabalhador, diferente de nós, que até gostaria de sair daqui mas não conseguimos. Vai ver que a gente tem algum problema na cabeça ou foi deus que quis. Ainda bem que tem deus , se não tivesse a gente tava fudido, não vinha nem pra essa vida. Como ia ter vida sem a gente? O pessoal ia ter pena de quem? Deus sabe das coisas. Amém.
Centro da vida
Explode Uruguaiana
Rio de lágrimas
Sujeira camarada
Na presidente vargas, centro do rio, vagabundo dorme enfileirado. Tem que dormir e não sonhar. Se delirar é melhor não acordar. Tem que ouvir, vai fazer o quê? É muito pobre! Não tem solução!
E não pode rir nem chorar. Se chorar, vai apanhar. O papo é viver. E viver com as glórias que a vida dá. Já falei que não pode sonhar. O lance é comer, engolir, parir.
De dia , é fugir. A natureza só fode, se não é a merda da chuva, é a porra do sol na cara. Nunca ajuda!
Tem que garantir o sustento nas migalhas. Nisso, o capitalismo é camarada. Diz que é bom, cresce e distribui. Rola até pedaço de macdonalds no lixo.
Lixo do centro é nutritivo. Tem qualidade. O ruim é que o pessoal não ajuda, não separa o que se aproveita do que não se aproveita. Não aproveita, pra gente, é comida estragada. O reciclável não incomoda, se não quiser separar, não precisa. Pensar ecologia é tá de barriga cheia. A noite, fumando um cigarro vagabundo a gente pensa cobrindo os pés do vento frio que esses putos não sentem fechado nas suas paredes. Sei que somos revoltados, vai entender.
Briga é alimento pra alma. Vira e mexe a porrada come. A diversão é que vai formando grupos. Líder bêbado sempre se fode. Uns são mais folgados, outros menos. Tem neguinho querendo levar vantagem em tudo. Não basta ter espaço garantido, quer sombra e água fresca. Só pensa nele. Depois que morre não tem com quem reclamar. As vezes vem uma galera dar comida. Tem filho da puta que não tem mais fome, mas continua comendo. São uns porras de uns gulosos. Acham que pode virar reserva pro dia seguinte. Será que não sabem que tudo vira merda fedida nos becos. No dia seguinte, esse povinho trabalhador reclama que o cheiro na cidade tá muito ruim. Quando a gente come bem, eles reclamam? Vai entender. São um bando de gente responsável. Acordam cedo, andam rápido. São tudo trabalhador, diferente de nós, que até gostaria de sair daqui mas não conseguimos. Vai ver que a gente tem algum problema na cabeça ou foi deus que quis. Ainda bem que tem deus , se não tivesse a gente tava fudido, não vinha nem pra essa vida. Como ia ter vida sem a gente? O pessoal ia ter pena de quem? Deus sabe das coisas. Amém.
domingo, 13 de janeiro de 2008
Amor, a não- palavra
Acredito na sorte, no mistério e no amor. Poderia não te conhecer.
Casais que se amam, amor a arte, filhos , às convicções ou dúvidas, aos amigos, o desconhecido, a atmosfera e a dor... A capacidade de amar é gigantesca e muito bom se explorada.
Diferente das novelas com as suas ausências de conflito, no amor, conflito é estruturante.
Na economia do amor, seu alcance não se procura.
Freud, ao contrário de Sartre, vê a essência precedendo a existência. Falando de amor, não se escolhe quem ama, quando foi já é. Ponto pra Freud.
Luzes lisérgicas em Copacabana, lotação no mercado de madureira, amor social e existêncial. Sensibilidade amorosa jorra da alma. Não há quem segure.
Libertar o amor, se drogar de amor, suportá-lo nas diferentes formas de expressão.
O estado de gravidez provocado pelo excesso amoroso , não dá sentido à vida, mas rasga diplomas.
Poesia abraçando o infinito, amor sem riqueza. Um circo pobre na beira da estrada. Amor é generoso e mambembe. Egoístas não acreditam no amor.
Casais que se amam, amor a arte, filhos , às convicções ou dúvidas, aos amigos, o desconhecido, a atmosfera e a dor... A capacidade de amar é gigantesca e muito bom se explorada.
Diferente das novelas com as suas ausências de conflito, no amor, conflito é estruturante.
Na economia do amor, seu alcance não se procura.
Freud, ao contrário de Sartre, vê a essência precedendo a existência. Falando de amor, não se escolhe quem ama, quando foi já é. Ponto pra Freud.
Luzes lisérgicas em Copacabana, lotação no mercado de madureira, amor social e existêncial. Sensibilidade amorosa jorra da alma. Não há quem segure.
Libertar o amor, se drogar de amor, suportá-lo nas diferentes formas de expressão.
O estado de gravidez provocado pelo excesso amoroso , não dá sentido à vida, mas rasga diplomas.
Poesia abraçando o infinito, amor sem riqueza. Um circo pobre na beira da estrada. Amor é generoso e mambembe. Egoístas não acreditam no amor.
terça-feira, 8 de janeiro de 2008
Peitudas Filósofas
Peitos esporram leite contaminado. O milk ejeta como pau que goza.
Siliconadas vingaram-se de Freud.
A quem importa a perda de mobilidade? O natural é um mito! gritam pulando seus corpos sob o olhar atento de tetas retesadas.
O suporte coloidal, a adjência suplementar, vem fechar o buraco que é estar vivo. Algo falta dentro de mim? 250ml resolve!
Acreditam que agora devem dedicar seu precioso tempo destrinchando Nietzche . Assim serão completas. Peitudas filósofas. Quê mais pediria o bom moço?
Não é que Nietzche define felicidade como "o sentimento de que a potência cresce, de que uma barreira é superada." Respostas encaixadas conforme o freguês.
Decotes ousados em rostos distantes, buscam amalgamar dois seres num só.
Mutante, cyborg, andrógino ou o novo ser-humano família?
São mais olhadas no estado peituda, porém abaixa a sensibilidade epidérmica . Não esquentam. Tambem pudera, acostumaram mais com o massivo reconhecimento externo que a entrada no labirinto a dois.
Sentem mais confiança em si mesmo, a rejeição do outro deixa de jogar contra , se algo está torto, há alguma pane, não é de sua responsa. O silicone é a lei áurea da relação. Depois de anos de escravidão a chibata mudou de mão. A lei agora é no "se vira, negão."
Histéricas das classes c e d já começam parcelar o peitola à prazo. Para ódio da elite, que só lhe resta ,chorar o leite césio ou chernobyl derramado.
Siliconadas vingaram-se de Freud.
A quem importa a perda de mobilidade? O natural é um mito! gritam pulando seus corpos sob o olhar atento de tetas retesadas.
O suporte coloidal, a adjência suplementar, vem fechar o buraco que é estar vivo. Algo falta dentro de mim? 250ml resolve!
Acreditam que agora devem dedicar seu precioso tempo destrinchando Nietzche . Assim serão completas. Peitudas filósofas. Quê mais pediria o bom moço?
Não é que Nietzche define felicidade como "o sentimento de que a potência cresce, de que uma barreira é superada." Respostas encaixadas conforme o freguês.
Decotes ousados em rostos distantes, buscam amalgamar dois seres num só.
Mutante, cyborg, andrógino ou o novo ser-humano família?
São mais olhadas no estado peituda, porém abaixa a sensibilidade epidérmica . Não esquentam. Tambem pudera, acostumaram mais com o massivo reconhecimento externo que a entrada no labirinto a dois.
Sentem mais confiança em si mesmo, a rejeição do outro deixa de jogar contra , se algo está torto, há alguma pane, não é de sua responsa. O silicone é a lei áurea da relação. Depois de anos de escravidão a chibata mudou de mão. A lei agora é no "se vira, negão."
Histéricas das classes c e d já começam parcelar o peitola à prazo. Para ódio da elite, que só lhe resta ,chorar o leite césio ou chernobyl derramado.
domingo, 6 de janeiro de 2008
Esquina das mudanças sem mudanças
Lúcio gostava sempre de uma esquina que nunca soubera o nome.
Ela ficava intacta em seus sonhos. Acordado, tinha o hábito de vigiar pequenas mudanças que a predileta sofria. Primeiro foi a mercearia, trocada por uma locadora que hoje é depósito de material plástico. Do outro lado da rua, felizmente, o bar permanecia o mesmo, apesar das mudanças de humor do dono.
Um sinal de trânsito que nunca houve, foi colocado, aumentando o barulho no reduzir e acelerar dos carros.
Cerveja gelada com óleo diesel era o que alguns frequentadores mais assíduos diziam para o Seu Messias, dono do bar.
Apesar de seu temperamento oscilante, Messias era um homem de idéias fixas. A mais conhecida era seu desejo de destruir o sinal de trânsito. Aquele sinal simbolizava para ele, o controle da mulher, reclamação dos vizinhos , e até mesmo a burocracia de "fechar o caixa". Sentia que destruindo o sinal estaria resolvendo seus problemas.
Em uma madrugada tranquila de segunda -feira, após fechar o bar, Messias serrou o mastro que sustentava o sinal causando um imenso estrondo.
Ignorando o acender de luzes da vizinhança, saiu calmamente assobiando, sem esconder a responsabilidade do ato, pois era barato perto do peso que tirava das costas.
No dia seguinte, abriu o bar, o mastro deitado na calçada e um técnico informando que apesar da barbaridade cometida, o sinal não iria ser reposto, e que em seu lugar seria substituído por lombadas eletrônicas.
Regressando à velha esquina, Lúcio vê mudanças, como a nova lombada. Irritado, chega ao Seu Messias que o tranquiliza:
-Meu filho, Essa lombada trouxe-me a paz que eu sempre quis.
Lúcio recebe um fluxo de bem- estar e começa aceitar mudanças sem resignação.
Messias, logo, logo, achará novo problema na azeitona de sua empada.
Ela ficava intacta em seus sonhos. Acordado, tinha o hábito de vigiar pequenas mudanças que a predileta sofria. Primeiro foi a mercearia, trocada por uma locadora que hoje é depósito de material plástico. Do outro lado da rua, felizmente, o bar permanecia o mesmo, apesar das mudanças de humor do dono.
Um sinal de trânsito que nunca houve, foi colocado, aumentando o barulho no reduzir e acelerar dos carros.
Cerveja gelada com óleo diesel era o que alguns frequentadores mais assíduos diziam para o Seu Messias, dono do bar.
Apesar de seu temperamento oscilante, Messias era um homem de idéias fixas. A mais conhecida era seu desejo de destruir o sinal de trânsito. Aquele sinal simbolizava para ele, o controle da mulher, reclamação dos vizinhos , e até mesmo a burocracia de "fechar o caixa". Sentia que destruindo o sinal estaria resolvendo seus problemas.
Em uma madrugada tranquila de segunda -feira, após fechar o bar, Messias serrou o mastro que sustentava o sinal causando um imenso estrondo.
Ignorando o acender de luzes da vizinhança, saiu calmamente assobiando, sem esconder a responsabilidade do ato, pois era barato perto do peso que tirava das costas.
No dia seguinte, abriu o bar, o mastro deitado na calçada e um técnico informando que apesar da barbaridade cometida, o sinal não iria ser reposto, e que em seu lugar seria substituído por lombadas eletrônicas.
Regressando à velha esquina, Lúcio vê mudanças, como a nova lombada. Irritado, chega ao Seu Messias que o tranquiliza:
-Meu filho, Essa lombada trouxe-me a paz que eu sempre quis.
Lúcio recebe um fluxo de bem- estar e começa aceitar mudanças sem resignação.
Messias, logo, logo, achará novo problema na azeitona de sua empada.
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