terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Imagens cheias de senso ( seria non non-sense?)

Multidão assonada levanta para trabalhar.
A música do despertador é ruim , o sono é bom. O trabalho, geralmente, é chato.

Mulher furta chocolates no supermercado de dia e à noite cuida de velhinha desamparada.

Perua faz generosas caridades aos asilos e maltrata em casa a faxineira.
- Minha vocação é pastora e não enfermeira! repete com a veemência de quem sabe o que fala.

Irmãos conversando. São garotos trabalhadores sonhando com um mundo melhor.
Um comenta sobre a surra que o tio deu na tia, interrompido gentilmente pelo outro, pedindo a mantega do lado da mesa.

Menino arteiro não é compreendido pela família que o leva ao psicanalista. O cachorro já o sacava, humano.

Pessoas almoçam sem fome, mentem para si mesmo, sorriem com força, brigam sem motivo .
Ainda que sofram quando dói.

Pesquisa na frente do museu para saber se o aumento da frequência de visitantes deve-se à exposição do momento ou ao frisson causado pelo roubo de dias atrás.

Homem veste-se do seu time de futebol, escraviza o filho pro mesmo time, tv paga para ver os jogos e sonha com a esposa vestida sensualmente com a roupa do seu maior rival.

Homem mata a mulher grávida e o futuro bebê com tiros precisos na barriga da gestante. O filho era dele. O motivo recôndito: mistura de cachaça com farda de general.

Um comentário:

romulo de almeida portella disse...

não gostava muito de fragmentos, tempos atrás. mas hoje vejo, como aqui, que podem ser retratos...sequências. gosto destes focos da realidade, da sociedade. algo meio ficcional, na verdade próximo do comentário. daí, talvez, teu título sobre não ser "non sense"...