terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Miséria

Guerra Fratricida
Centro da vida
Explode Uruguaiana
Rio de lágrimas
Sujeira camarada

Na presidente vargas, centro do rio, vagabundo dorme enfileirado. Tem que dormir e não sonhar. Se delirar é melhor não acordar. Tem que ouvir, vai fazer o quê? É muito pobre! Não tem solução!
E não pode rir nem chorar. Se chorar, vai apanhar. O papo é viver. E viver com as glórias que a vida dá. Já falei que não pode sonhar. O lance é comer, engolir, parir.
De dia , é fugir. A natureza só fode, se não é a merda da chuva, é a porra do sol na cara. Nunca ajuda!
Tem que garantir o sustento nas migalhas. Nisso, o capitalismo é camarada. Diz que é bom, cresce e distribui. Rola até pedaço de macdonalds no lixo.
Lixo do centro é nutritivo. Tem qualidade. O ruim é que o pessoal não ajuda, não separa o que se aproveita do que não se aproveita. Não aproveita, pra gente, é comida estragada. O reciclável não incomoda, se não quiser separar, não precisa. Pensar ecologia é tá de barriga cheia. A noite, fumando um cigarro vagabundo a gente pensa cobrindo os pés do vento frio que esses putos não sentem fechado nas suas paredes. Sei que somos revoltados, vai entender.
Briga é alimento pra alma. Vira e mexe a porrada come. A diversão é que vai formando grupos. Líder bêbado sempre se fode. Uns são mais folgados, outros menos. Tem neguinho querendo levar vantagem em tudo. Não basta ter espaço garantido, quer sombra e água fresca. Só pensa nele. Depois que morre não tem com quem reclamar. As vezes vem uma galera dar comida. Tem filho da puta que não tem mais fome, mas continua comendo. São uns porras de uns gulosos. Acham que pode virar reserva pro dia seguinte. Será que não sabem que tudo vira merda fedida nos becos. No dia seguinte, esse povinho trabalhador reclama que o cheiro na cidade tá muito ruim. Quando a gente come bem, eles reclamam? Vai entender. São um bando de gente responsável. Acordam cedo, andam rápido. São tudo trabalhador, diferente de nós, que até gostaria de sair daqui mas não conseguimos. Vai ver que a gente tem algum problema na cabeça ou foi deus que quis. Ainda bem que tem deus , se não tivesse a gente tava fudido, não vinha nem pra essa vida. Como ia ter vida sem a gente? O pessoal ia ter pena de quem? Deus sabe das coisas. Amém.

2 comentários:

romulo de almeida portella disse...

ainda relerei. agora passo por aqui para deixar este endereço eletrônico...
http://www.heco.com.br/marginal/filmes/longas/02_01_27.php

romulo de almeida portella disse...

agora notei que a passagem do narrador para a primeira pessoa (na figura de um mendigo) se dá exatamente no momento que o texto aponta para a questão do reciclável...isso tem uma sutileza incrível. revela, confirma aquilo que te disse, na postagem de baixo, quando a teus textos terem " caminhos internos"...lá, na outra postagem, este caminho era próprio, pessoal, teu...aqui, é um caminho a referência do reciclável...uma questão contemporânea, e urgente, que este texto faz passar pela consideração do mendigo...seu ponto de vista, e voz.