"Sexo Oral é 30. Não é porquê você é o Ronaldo que eu vou cobrar mais caro." (Frase de Andréa Albertini - Ex-André, na capa dos jornais cariocas, 1 dia após o enrosco que teve com o jogador no motel)
Ronaldo, muito tempo de Europa e você foi logo se esquecendo do nosso querido Brasilsão? Aqui é assim, vacilou, dançou. Travesti se traveste de mulher até o fim. Depois, se o cliente famoso e endinheirado for mudar de idéia terá que pagar muito para ter o bico calado. No corpo de Andréia está tatuado: Eu sou um sucesso. Gordinho, aqui não tem engrandecimentos espirituais como no primeiro mundo. Aproveitaram do teu prestígio. Ser famoso corre muito risco por essas bandas. Privacidade? Sexo oral é 30 reais. 10 euros. Nem mais nem menos. O preço é o mesmo para jogador ou torcedor. Agora, não vai negar essa honra. Desperta esperteza. Aí, o preço muda. Foi prá 50 mil. Ronaldo, tomou chá de esquecimento? O império da necessidade misturou com o da banalidade. O leitmotiv é a rala grana midiática que corre por aqui . Ele diz que foi extorquido. Ela, ameaçada. A chantagem está bem infiltrada nas relações sociais.
Gordinho, esqueceste que aqui toda atenção é pouca? Se você tem grana e fama, tua atenção deve ser redobrada. Literalmente, Andréa quase enfiaste...
Porém, você só queria se divertir. Relaxar. E pagar um preço justo. Brasileiro negocia preço de foda. Tudo se barganha, Tanto para ir para cama ou deixar prá lá. Mas não prá você, Gordinho. É 5O mil ou capa no dia seguinte. No mundo real, este é o preço do teu passe.
terça-feira, 29 de abril de 2008
quinta-feira, 24 de abril de 2008
CULTURA LIBERTÁRIA
"Falta de cultura para cuspir na estrutura." Foi uma das formas que Raul Seixas expressou através da letra de uma de suas músicas a indignação com a nossa cultura bunda-mole.
A mídia de massa oferece ao público programas que reforçam valores pífios tais como:
- riqueza, sinônimo de felicidade;
- maniqueísmo. Certo ou errado, sem nuançes;
- Legal é ser igual e superficial;
- Rótulos e Estereótipos.
O teatro e o cinema, em geral, são caros. O povo influenciado pela mídia, quanto tem dinheiro irá assistir aos espetáculos calçados nos valores acima citados .
O Brasil não possui um caldo de leitura para que as pessoas possam relativizar vidas, captando diferenças, sutilezas e sensibilidade. Primeiro, pois livro ainda é caro, exceto em sebo. Segundo, há uma tradição oral que permanece. Vide quaquer viagem de metrô ou ônibus pelas grandes cidades. Terceiro, pois não há educação de leitura transmitida de geração para geração.
Diante deste cenário, uma cultura libertária, autônoma e independente situa-se a margem desta corrente única. É o créu, a novela das oito como todos os absolutismos e estereótipos possíveis, a máfia do dendê e do acarjé mandando ver.
Reflexo emblemático é o Sr. Lima Duarte.
Há um ano atrás, este Sr., concedeu ema entrevista ao jornal Folha de São Paulo dizendo que faz merchandising e fica "puto" da vida. Que acha aviltante. Que faz novela e acha tudo uma porcaria e só faz porque é ator da tv globo.
Quando li, pensei que antes tarde do que nunca. Apesar de que com 76 nas costas é mais fácil do que com 30, 40 e 50. Mas não é que dois dias depois ele envia uma carta, pressionado ou não, dizendo que estava nervoso (sic) e que aquilo dito na integra não era o que pensava.
Triste, Sr. Lima, muito triste viver assim.
E assim os caminhos do coração, de uma cultura essencial, não-pasteurizada estão isolados em pequenos grupos. E o povo, como o Sr. Lima, vão envelhecendo e morrendo, sem a condição de expressarem suas próprias opiniões. Ou por falta de acesso, ou desrespeito consigo mesmo.
A mídia de massa oferece ao público programas que reforçam valores pífios tais como:
- riqueza, sinônimo de felicidade;
- maniqueísmo. Certo ou errado, sem nuançes;
- Legal é ser igual e superficial;
- Rótulos e Estereótipos.
O teatro e o cinema, em geral, são caros. O povo influenciado pela mídia, quanto tem dinheiro irá assistir aos espetáculos calçados nos valores acima citados .
O Brasil não possui um caldo de leitura para que as pessoas possam relativizar vidas, captando diferenças, sutilezas e sensibilidade. Primeiro, pois livro ainda é caro, exceto em sebo. Segundo, há uma tradição oral que permanece. Vide quaquer viagem de metrô ou ônibus pelas grandes cidades. Terceiro, pois não há educação de leitura transmitida de geração para geração.
Diante deste cenário, uma cultura libertária, autônoma e independente situa-se a margem desta corrente única. É o créu, a novela das oito como todos os absolutismos e estereótipos possíveis, a máfia do dendê e do acarjé mandando ver.
Reflexo emblemático é o Sr. Lima Duarte.
Há um ano atrás, este Sr., concedeu ema entrevista ao jornal Folha de São Paulo dizendo que faz merchandising e fica "puto" da vida. Que acha aviltante. Que faz novela e acha tudo uma porcaria e só faz porque é ator da tv globo.
Quando li, pensei que antes tarde do que nunca. Apesar de que com 76 nas costas é mais fácil do que com 30, 40 e 50. Mas não é que dois dias depois ele envia uma carta, pressionado ou não, dizendo que estava nervoso (sic) e que aquilo dito na integra não era o que pensava.
Triste, Sr. Lima, muito triste viver assim.
E assim os caminhos do coração, de uma cultura essencial, não-pasteurizada estão isolados em pequenos grupos. E o povo, como o Sr. Lima, vão envelhecendo e morrendo, sem a condição de expressarem suas próprias opiniões. Ou por falta de acesso, ou desrespeito consigo mesmo.
sábado, 19 de abril de 2008
FRONTEIRA
O silêncio à procura
De limites ampliados
Esvaindo-se em abraços
Congelados, per supuesto
Paulatinos transformaram
Na saída do passado
Pô-lo de lado
Assumindo companheiro
O contorno se encerra
Acariciando movimento
Que disforme no espaço
Não lhe ousa resultado
Para assim silenciá-lo
Permitindo na fronteira
O início da palavra.
De limites ampliados
Esvaindo-se em abraços
Congelados, per supuesto
Paulatinos transformaram
Na saída do passado
Pô-lo de lado
Assumindo companheiro
O contorno se encerra
Acariciando movimento
Que disforme no espaço
Não lhe ousa resultado
Para assim silenciá-lo
Permitindo na fronteira
O início da palavra.
terça-feira, 15 de abril de 2008
BESTAS
Há um diabo açoitando. Contorce a lateral das costas. Vira o pescoço. Faz o queixo tremer. Não olha. Nem consente. Tangencia. Nega.
Há outro diabo.
Os diabos são postos no ringue. Sem fuga. Trocam socos, chutes. Agressões mútuas. Múltiplas. Derramam sangue. Derramam lágrimas. Estão machucados. Estão treinados. Um dia quem sabe apuram a porrada prescindindo-se dela. Ou juntos, eternamente diabólicos...
Há outro diabo.
Os diabos são postos no ringue. Sem fuga. Trocam socos, chutes. Agressões mútuas. Múltiplas. Derramam sangue. Derramam lágrimas. Estão machucados. Estão treinados. Um dia quem sabe apuram a porrada prescindindo-se dela. Ou juntos, eternamente diabólicos...
segunda-feira, 14 de abril de 2008
COVA É UMA OVA
“Para ser coveiro tem que ser bom de buraco”. Essa era frase que Seu Luís, 30 anos de cova , se apresentava. Arranjou trabalho no cemitério por necessidade. Ali, foi seu primeiro e último ofício.
O começo não foi as mil maravilhas . Envergonhado, dizia que trabalhava na floricultura da frente. Depois acostumou e abria o jogo para quem perguntasse. Não tinha muito orgulho, mas, ufa, já podia falar o que fazia.
O tempo também ajudou acostumar a não se preocupar com morto. No início, tinha receio do defunto se mexer. Depois, foi esclarecido pela gerência que sua função era abrir e fechar cova. E só. Qualquer problema com o morto é problema do próprio...Bem, era problema da família ou do IML.
Religioso na juventude,o tempo foi passando e aquele fervor, desaparecendo. Separar o que é carne, matéria bruta do seu trabalho, do que é espírito, que ele nunca via, era muita criatividade do bicho homem.
Seu Luís foi ficando velho. Precisaria de muitas vidas para pagar sua cova. Tinha um lema para descansar em paz :”Cova é uma ova.” Além da falta de grana, não era de misturar vida pessoal com profissional. Deixava isso para os políticos.
Em uma quarta-feira não foi ao cemitério. Havia morrido. Mesmo assim seus amigos de labuta o esperavam. Agora como cliente. Mas foi cumprir seu lema. Cremado. Suas cinzas foram jogadas no buraquinho que fez no fundo de casa.
O começo não foi as mil maravilhas . Envergonhado, dizia que trabalhava na floricultura da frente. Depois acostumou e abria o jogo para quem perguntasse. Não tinha muito orgulho, mas, ufa, já podia falar o que fazia.
O tempo também ajudou acostumar a não se preocupar com morto. No início, tinha receio do defunto se mexer. Depois, foi esclarecido pela gerência que sua função era abrir e fechar cova. E só. Qualquer problema com o morto é problema do próprio...Bem, era problema da família ou do IML.
Religioso na juventude,o tempo foi passando e aquele fervor, desaparecendo. Separar o que é carne, matéria bruta do seu trabalho, do que é espírito, que ele nunca via, era muita criatividade do bicho homem.
Seu Luís foi ficando velho. Precisaria de muitas vidas para pagar sua cova. Tinha um lema para descansar em paz :”Cova é uma ova.” Além da falta de grana, não era de misturar vida pessoal com profissional. Deixava isso para os políticos.
Em uma quarta-feira não foi ao cemitério. Havia morrido. Mesmo assim seus amigos de labuta o esperavam. Agora como cliente. Mas foi cumprir seu lema. Cremado. Suas cinzas foram jogadas no buraquinho que fez no fundo de casa.
sexta-feira, 11 de abril de 2008
EDITORA ABRIL, puta que pariu, que editorazinha...
Revista especializada para o público juvenil, Super Interessante - Editora Abril - emplaca na capa do mês Abril/08 :
O BRASIL SURREAL QUE DOM JOÂO ENCONTROU - Negros donos de escravos em Minas, chuvas de esgoto em Salvador e um índio rei da Amazônia. De norte a sul, uma viagem pelo inacreditável país que existia antes de 1808.
Junto ao escrito, em primeiro plano, um desenho de Dom João assustado com o que vira.
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa regista surreal como: "o que denota estranheza, transgressão da verdade sensível, da razão; como nome, significa aquilo que se encontra para além do real."
Para quem vinha da europa, todo aquele Brasil causava estranheza, trangressão, além do real.
Portanto, o título é coerente com a visão de Dom João vindo além-mar para terras brasilis.
Porém, seria também surreal ou inacreditável para negros e índios a vinda de um Dom João esquisitíssimo aos olhos dele. A capa, no caso, seria: "Um Portuga surreal que o Brasil encontrou". Muda tudo, não muda?
A revista da editora abril é perversa quando se alinha ao olhar e discurso de quem vem de fora para cá. Perverso, por se alinhar a um discurso que é o dominante. O dominado, no caso, o surreal, são os negros, o índio e o esgoto. Perverso, por se alinhar ao discurso de apenas um lado. Como sempre, "chapa branca", o do mais forte
Interessante como junta aos negros e indios, o esgoto, como o país que existia até então. Mais perverso, impossível.
Perversão, o dicionário define como a “passagem moral do bem para o mal, o tornar mau, corromper, desmoralizar, degradar, alterar, desnaturar, desvirtuar”. Nada como essa análise elementar para revelar a perversão deste veículo de comunicação, que como todos, é uma concessão do estado.
O BRASIL SURREAL QUE DOM JOÂO ENCONTROU - Negros donos de escravos em Minas, chuvas de esgoto em Salvador e um índio rei da Amazônia. De norte a sul, uma viagem pelo inacreditável país que existia antes de 1808.
Junto ao escrito, em primeiro plano, um desenho de Dom João assustado com o que vira.
O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa regista surreal como: "o que denota estranheza, transgressão da verdade sensível, da razão; como nome, significa aquilo que se encontra para além do real."
Para quem vinha da europa, todo aquele Brasil causava estranheza, trangressão, além do real.
Portanto, o título é coerente com a visão de Dom João vindo além-mar para terras brasilis.
Porém, seria também surreal ou inacreditável para negros e índios a vinda de um Dom João esquisitíssimo aos olhos dele. A capa, no caso, seria: "Um Portuga surreal que o Brasil encontrou". Muda tudo, não muda?
A revista da editora abril é perversa quando se alinha ao olhar e discurso de quem vem de fora para cá. Perverso, por se alinhar a um discurso que é o dominante. O dominado, no caso, o surreal, são os negros, o índio e o esgoto. Perverso, por se alinhar ao discurso de apenas um lado. Como sempre, "chapa branca", o do mais forte
Interessante como junta aos negros e indios, o esgoto, como o país que existia até então. Mais perverso, impossível.
Perversão, o dicionário define como a “passagem moral do bem para o mal, o tornar mau, corromper, desmoralizar, degradar, alterar, desnaturar, desvirtuar”. Nada como essa análise elementar para revelar a perversão deste veículo de comunicação, que como todos, é uma concessão do estado.
quarta-feira, 9 de abril de 2008
JOGO SUJO
Não dá para perder tempo. A vida passa rápido. Você precisa ser gênio e feliz logo. Se não, tá condenado. Fracassado, Looser. Tem que achar sua especialidade. Saber qual é seu potencial. Rápido, Urgente. Se perder o trem, envelhece e dança. Tem que se garantir. Você vai ser cobrado por isso. Ninguém te perdoará. A escola vem te preparando há tempo. Não tem desculpa. Ninguém vai querer te ouvir. Quem pegou o trem vai ser empurrado para fora a todo momento. Vai ter que resistir até o fim da vida. Genialidade, felicidade e sucesso são para poucos. Mas quem deixou ele passar, vai criar sua própria ilusão. Um Barato. Singular lado B.
sábado, 5 de abril de 2008
RÔMULO
Não dá para falar do Rômulo de qualquer jeito. Precisa-se de acuidade e respeito para revelar as nuanças desta grande figura. Hoje, nos seus 58 anos, tem a juventude madura batendo no peito.
Rômulo combateu a ditadura. Fez assaltos para revolução. Espírito da contracultura, usava longos cabelos e roupas coloridas. Feriu o Estado nas duas balanças. Pelo lado político e do comportamento. Era demais um homem como esse. Foi preso 32 vezes.
Figura carimbada do bairro que nasceu e vive até hoje - Maria das Graças, Rômulo tem um estilo notoriamente tranquilo sem mais os arrombos de antigamente. Não que o mundo tenha mudado, mas hoje esse professor de francês e português, atua sutilmente nas pequenas revoluções que faz por onde anda. Vegetariano desde os 15 anos, é um resistente.
Uma frase de um livro que leu ou uma cena do filme que viu são agraciadas por ele ao expô-las em toda docilidade ou crueza devida, combatendo a pobreza de espírito e a vulgaridade que assola os dias atuais.
O vento batendo na janela de uma forma especial nutre Rômulo por alguns dias. Ele nunca precisou de muito. Do que precisa, poucos podem ver.
Caro Rômulo, seu caminho é tortuoso, mas apaixonante. E como você sempre diz em tom
enfático, palavras precisas de um esgrimista :
Breno, tá cada vez mais difícil! Mantemos o equilíbrio, sem trair nossos valores!
Amigo, tua vida, vale quanto pesa.
Rômulo combateu a ditadura. Fez assaltos para revolução. Espírito da contracultura, usava longos cabelos e roupas coloridas. Feriu o Estado nas duas balanças. Pelo lado político e do comportamento. Era demais um homem como esse. Foi preso 32 vezes.
Figura carimbada do bairro que nasceu e vive até hoje - Maria das Graças, Rômulo tem um estilo notoriamente tranquilo sem mais os arrombos de antigamente. Não que o mundo tenha mudado, mas hoje esse professor de francês e português, atua sutilmente nas pequenas revoluções que faz por onde anda. Vegetariano desde os 15 anos, é um resistente.
Uma frase de um livro que leu ou uma cena do filme que viu são agraciadas por ele ao expô-las em toda docilidade ou crueza devida, combatendo a pobreza de espírito e a vulgaridade que assola os dias atuais.
O vento batendo na janela de uma forma especial nutre Rômulo por alguns dias. Ele nunca precisou de muito. Do que precisa, poucos podem ver.
Caro Rômulo, seu caminho é tortuoso, mas apaixonante. E como você sempre diz em tom
enfático, palavras precisas de um esgrimista :
Breno, tá cada vez mais difícil! Mantemos o equilíbrio, sem trair nossos valores!
Amigo, tua vida, vale quanto pesa.
terça-feira, 1 de abril de 2008
ALVINHO
Álvaro é garçom do Café Empório, uma cafeteria cheia de frescura. Usa um avental preto escrito no centro em dourado: "Golden". No cabelo, o gel faz um pequeno topete na cabeça achatada. Bikers desfilam suas máquinas parando para um café-da-manhã. Estão ornamentados de capacetes prateados, roupas, joelheiras e sapatos coloridos. Para Alvinho, são seres extra-terrestres despencando de outro planeta para refeição matutina.
Não foi dado a Álvaro a possibilidade de ser criativo. Seus olhos verdes, longínquos, deixaram há muito tempo de sonhar. O máximo de ousadia é algum gracejo que repercuta em maior consumo do cliente. O chefe de Álvaro mede cada gesto do empregado. Qualquer manifestação mais brusca de Alvinho é rechaçado na surdina pelo chefe com um "achei que você tinha melhorado!". Há uma energia criadora contida no pequeno espaço que trabalha.
Naquele palco, Álvaro tem que falar baixo, pausado, em harmonia com o chorinho suave que ecoa da pequena caixa de som.
Para os amigos, no fim-de-semana, conta cheio de orgulho que só atende gente grã-fina e tem aprendido muito com a convivência.
Na segunda de manhã, vai ao trabalho "puto da vida", por representar mais uma semana - o teatro do absurdo.
Não foi dado a Álvaro a possibilidade de ser criativo. Seus olhos verdes, longínquos, deixaram há muito tempo de sonhar. O máximo de ousadia é algum gracejo que repercuta em maior consumo do cliente. O chefe de Álvaro mede cada gesto do empregado. Qualquer manifestação mais brusca de Alvinho é rechaçado na surdina pelo chefe com um "achei que você tinha melhorado!". Há uma energia criadora contida no pequeno espaço que trabalha.
Naquele palco, Álvaro tem que falar baixo, pausado, em harmonia com o chorinho suave que ecoa da pequena caixa de som.
Para os amigos, no fim-de-semana, conta cheio de orgulho que só atende gente grã-fina e tem aprendido muito com a convivência.
Na segunda de manhã, vai ao trabalho "puto da vida", por representar mais uma semana - o teatro do absurdo.
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