quinta-feira, 24 de abril de 2008

CULTURA LIBERTÁRIA

"Falta de cultura para cuspir na estrutura." Foi uma das formas que Raul Seixas expressou através da letra de uma de suas músicas a indignação com a nossa cultura bunda-mole.
A mídia de massa oferece ao público programas que reforçam valores pífios tais como:
- riqueza, sinônimo de felicidade;
- maniqueísmo. Certo ou errado, sem nuançes;
- Legal é ser igual e superficial;
- Rótulos e Estereótipos.
O teatro e o cinema, em geral, são caros. O povo influenciado pela mídia, quanto tem dinheiro irá assistir aos espetáculos calçados nos valores acima citados .
O Brasil não possui um caldo de leitura para que as pessoas possam relativizar vidas, captando diferenças, sutilezas e sensibilidade. Primeiro, pois livro ainda é caro, exceto em sebo. Segundo, há uma tradição oral que permanece. Vide quaquer viagem de metrô ou ônibus pelas grandes cidades. Terceiro, pois não há educação de leitura transmitida de geração para geração.
Diante deste cenário, uma cultura libertária, autônoma e independente situa-se a margem desta corrente única. É o créu, a novela das oito como todos os absolutismos e estereótipos possíveis, a máfia do dendê e do acarjé mandando ver.
Reflexo emblemático é o Sr. Lima Duarte.
Há um ano atrás, este Sr., concedeu ema entrevista ao jornal Folha de São Paulo dizendo que faz merchandising e fica "puto" da vida. Que acha aviltante. Que faz novela e acha tudo uma porcaria e só faz porque é ator da tv globo.
Quando li, pensei que antes tarde do que nunca. Apesar de que com 76 nas costas é mais fácil do que com 30, 40 e 50. Mas não é que dois dias depois ele envia uma carta, pressionado ou não, dizendo que estava nervoso (sic) e que aquilo dito na integra não era o que pensava.
Triste, Sr. Lima, muito triste viver assim.
E assim os caminhos do coração, de uma cultura essencial, não-pasteurizada estão isolados em pequenos grupos. E o povo, como o Sr. Lima, vão envelhecendo e morrendo, sem a condição de expressarem suas próprias opiniões. Ou por falta de acesso, ou desrespeito consigo mesmo.

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