sexta-feira, 11 de abril de 2008

EDITORA ABRIL, puta que pariu, que editorazinha...

Revista especializada para o público juvenil, Super Interessante - Editora Abril - emplaca na capa do mês Abril/08 :

O BRASIL SURREAL QUE DOM JOÂO ENCONTROU - Negros donos de escravos em Minas, chuvas de esgoto em Salvador e um índio rei da Amazônia. De norte a sul, uma viagem pelo inacreditável país que existia antes de 1808.
Junto ao escrito, em primeiro plano, um desenho de Dom João assustado com o que vira.

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa regista surreal como: "o que denota estranheza, transgressão da verdade sensível, da razão; como nome, significa aquilo que se encontra para além do real."
Para quem vinha da europa, todo aquele Brasil causava estranheza, trangressão, além do real.
Portanto, o título é coerente com a visão de Dom João vindo além-mar para terras brasilis.
Porém, seria também surreal ou inacreditável para negros e índios a vinda de um Dom João esquisitíssimo aos olhos dele. A capa, no caso, seria: "Um Portuga surreal que o Brasil encontrou". Muda tudo, não muda?
A revista da editora abril é perversa quando se alinha ao olhar e discurso de quem vem de fora para cá. Perverso, por se alinhar a um discurso que é o dominante. O dominado, no caso, o surreal, são os negros, o índio e o esgoto. Perverso, por se alinhar ao discurso de apenas um lado. Como sempre, "chapa branca", o do mais forte
Interessante como junta aos negros e indios, o esgoto, como o país que existia até então. Mais perverso, impossível.
Perversão, o dicionário define como a “passagem moral do bem para o mal, o tornar mau, corromper, desmoralizar, degradar, alterar, desnaturar, desvirtuar”. Nada como essa análise elementar para revelar a perversão deste veículo de comunicação, que como todos, é uma concessão do estado.

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