Falar de Paulo Vanzollini não é tarefa fácil.
Magnífico compositor de samba , boêmio, zoólogo de reconhecimento mundial especializado em anfíbio, Paulo é um daqueles terráqueos que vieram ao planeta para deixá-lo melhor. Vai fazer o quê, cada um faz o que pode.
Avesso à mídia não por timidez mas por convicção, fotografado normalmente com o inseparável cachimbo, é o tipo boêmio em extinção que toca direto na alma através de suas músicas ou de longos papos sobre mulheres, amazônia , cobra...
Compositor sem rima e metáfora, da sua forma objetiva a dor sangra, o choro é triste e a alegria genuína.
Seguem abaixo algumas deliciosas passsagens de seus sambas :
"Já me acostumei com dia-a- dia ao invés de vida inteira" ( homem amargurado)
"Inveja é moeda que o mundo tem para pagar o bem"
"Vida comprida e vazia, dias e noites iguais, morte é paz"
"mulher que não ri , não precisa dente"
"Maria é boa mulata, me faz boa companhia, mas não ata nem desata, nunca sai dessa agonia, não parece ser mulata, nem parece ser maria"
"Jantou e saiu satisfeito, antes da meia-noite tomou um tiro no peito"
"Já me acostumei, já não ligo, até exibo certa naturalidade, posso lhe dizer com a cara limpa enquanto minto" (homem urbano, aceitando ser falso)
"Tanto tempo eu não vejo você, a própria maledicência esqueceu de nós" ( ex-casal depois de um tempo longe)
"Você se pensa em mim, não deixa ver"
"É que eu paro ao seu lado e nós trocamos, vidas perdidas por horas roubadas"
"Na praça clóvis minha carteira foi batida, tinha 25 cruzeiros e o seu retrato , 25 francamente achei barato pra livrar do meu atraso de vida"
"Orgulho eu não tenho, mas sou homem demais para 50%" (resposta à mulher que não quer ficar inteira com ele)
"No ultima dia da vida, encontrei-me com meus pecados, uns maiores outros menores, mas no geral bem pesados, do outro lado somente a ingratidão que sofri, o anjo pôs na balança e vestido de branco eu subi"
"Parece que vai tudo em santa paz na base do mais ou menos , muito mais menos do que mais"( sobre relacionamento amoroso que não dá samba)
"Levanta sacode a poeira e dá volta por cima"
Fernando Pessoa chamou de "poesia ajudada" o que a música possibilita à letra. Para quem não ouviu, as letras de Vanzollini acompanhadas por sambas belíssimos são o contraponto à música atual, feita para não emocionar.
Ele tem 83 anos alguns cds e vinis gravados por outros intérpretes e um gravado pelo próprio. Diferente das dicas "Pessoal, vale a pena conferir", isso aqui é matéria obrigatória no curso da vida.
sexta-feira, 22 de junho de 2007
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Paraíso dos Sebos
Tenho por princípio fazer "viagens maravilhosas" dentro dos Sebos. São Paulo e Rio são verdadeiros recantos deste mundo à parte.
Entrar em um sebo é diferente de uma livraria. No sebo, a racionalidade webberiana não impera. Há, ainda hoje, uma manualização na organização interna dos sebos. O preço é um achado dentro da capa que pode esquecido de ser atualizado, os livros podem estar fora de ordem e o atendente pode ser um apaixonado por livros e um péssimo prestador de serviços.
Meu velho amigo Tiago, argutamente, sempre questiona as duvidosas vantagens do mundo "prático" contemporãneo.
"Migalhas sinceras me interessam" já dizia Cazuza. O sebo não está dentro da lógica shumpeteriana de dinamização da economia pela "destruição Criativa" (destruir o passado para gerar o novo). Pelo contrário, o sebo tem seu giro na possibilidade de troca e não no descarte e produção do novo.
Lá podem ser achados livros raros a preços módicos. Porém, para quem tem problema com pó ( o legal, claro) sebo não é uma boa pedida.
Muitas vezes, durante o percurso por um livro específico , escorrega da prateleira um outro que não estava no script, e que se tranforma no herói do dia.
Capítulo à parte, são as anotações que os ex-leitores fazem. É uma delícia ver sublinhados partes que você não foi tocado ou ser tocado pela mesma passagem do antigo leitor. São idéias, pensamentos pessoais que enriquecem ainda mais o texto original. Livro é para usar e não para guardar e uma boa experiência de sacar como cada um vê o mundo.
Lembro-me de especialmente um livro do autor americano Storr ( nunca mais esqueci esse nome) fez sobre a teoria yungiana. A leitora , não sei porquê sismei que ela fosse leitora e não leitor (talvez pela letra e "pegada"na escrita) não aguentava o que Storr escrevia e lá pela metade do livro, entre um capítulo e outro, faz um cômico desabafo do mau que Storr estava lhe causando .
José Luiz Borges uma vez escreveu que sonha o paraíso como uma espécie de livraria.
Já o meu paraíso, caro Borges, é uma espécie de sebo. E como o paraíso é um lugar para idealizarmos mesmo , que tal colocar a amada pelada no meio dos livros.
Entrar em um sebo é diferente de uma livraria. No sebo, a racionalidade webberiana não impera. Há, ainda hoje, uma manualização na organização interna dos sebos. O preço é um achado dentro da capa que pode esquecido de ser atualizado, os livros podem estar fora de ordem e o atendente pode ser um apaixonado por livros e um péssimo prestador de serviços.
Meu velho amigo Tiago, argutamente, sempre questiona as duvidosas vantagens do mundo "prático" contemporãneo.
"Migalhas sinceras me interessam" já dizia Cazuza. O sebo não está dentro da lógica shumpeteriana de dinamização da economia pela "destruição Criativa" (destruir o passado para gerar o novo). Pelo contrário, o sebo tem seu giro na possibilidade de troca e não no descarte e produção do novo.
Lá podem ser achados livros raros a preços módicos. Porém, para quem tem problema com pó ( o legal, claro) sebo não é uma boa pedida.
Muitas vezes, durante o percurso por um livro específico , escorrega da prateleira um outro que não estava no script, e que se tranforma no herói do dia.
Capítulo à parte, são as anotações que os ex-leitores fazem. É uma delícia ver sublinhados partes que você não foi tocado ou ser tocado pela mesma passagem do antigo leitor. São idéias, pensamentos pessoais que enriquecem ainda mais o texto original. Livro é para usar e não para guardar e uma boa experiência de sacar como cada um vê o mundo.
Lembro-me de especialmente um livro do autor americano Storr ( nunca mais esqueci esse nome) fez sobre a teoria yungiana. A leitora , não sei porquê sismei que ela fosse leitora e não leitor (talvez pela letra e "pegada"na escrita) não aguentava o que Storr escrevia e lá pela metade do livro, entre um capítulo e outro, faz um cômico desabafo do mau que Storr estava lhe causando .
José Luiz Borges uma vez escreveu que sonha o paraíso como uma espécie de livraria.
Já o meu paraíso, caro Borges, é uma espécie de sebo. E como o paraíso é um lugar para idealizarmos mesmo , que tal colocar a amada pelada no meio dos livros.
segunda-feira, 18 de junho de 2007
Pelo Direito de ter medo
Sexta-feira à noite , depois de uma bucólica volta de bike pelo aterro, com direito a parada para assistir à um filme no MAM, chego no prédio e deparo- me com um homem seguido pelo seu cachorro, sem a coleira. Estou eu atrás destas duas cândidas criaturas.
Elevador parado no térreo, o homem gentilmente abre a porta para eu entrar. Respondo:
Pode ir que depois eu vou.
Ele faz um aceno com a mão indicando minha entrada .
Adentro o pequeno espaço, segurando a bicicleta na vertical e o cara com o dedo posicionado no botão luminoso, me pergunta:
Qual é o andar?
Respondo que é o nono
O cachorro vira o rosto e dá uma sacada em mim. Me afasto vagarosamente lembrando daquele paradoxo tragi-cômigo "Se mostrar que tá com medo, o cachorro percebe".
O dono, como um pai sisudo, fala ao filho:
- Cóóóóbi!
Conto a ele sobre um fato recente que aconteceu no prédio - uma senhora foi mordida por um cachorro.
Ele responde:
Se acha que ele mordesse, ficaria sem coleira?
E prossegue:
Se tem alguém que pode morder sou eu ( frase pronta que já deve ter repetido outras vezes)
Chega seu andar e ele vai saindo enquanto eu falo:
Prioridade é para as pessoas.
Ele me fita com "cara de merda" fechando o elevador mais brusco que o usual.
Ele é um pesonagem que vejo a boçalidade do seu ato, do seu gestual, do seu tipo, incorporado ao reino literário. Ao apreendê-lo como tal ,diminuo o incômodo que sempre tive com a estirpe dos pobres de espírito.
O importante que fica, não é o personagem, mas a situação descrita reflexo do que rola por aí .
Advogo simplesmente pelo direito de ter medo e portanto ser respeitado por esse direito.
Elevador parado no térreo, o homem gentilmente abre a porta para eu entrar. Respondo:
Pode ir que depois eu vou.
Ele faz um aceno com a mão indicando minha entrada .
Adentro o pequeno espaço, segurando a bicicleta na vertical e o cara com o dedo posicionado no botão luminoso, me pergunta:
Qual é o andar?
Respondo que é o nono
O cachorro vira o rosto e dá uma sacada em mim. Me afasto vagarosamente lembrando daquele paradoxo tragi-cômigo "Se mostrar que tá com medo, o cachorro percebe".
O dono, como um pai sisudo, fala ao filho:
- Cóóóóbi!
Conto a ele sobre um fato recente que aconteceu no prédio - uma senhora foi mordida por um cachorro.
Ele responde:
Se acha que ele mordesse, ficaria sem coleira?
E prossegue:
Se tem alguém que pode morder sou eu ( frase pronta que já deve ter repetido outras vezes)
Chega seu andar e ele vai saindo enquanto eu falo:
Prioridade é para as pessoas.
Ele me fita com "cara de merda" fechando o elevador mais brusco que o usual.
Ele é um pesonagem que vejo a boçalidade do seu ato, do seu gestual, do seu tipo, incorporado ao reino literário. Ao apreendê-lo como tal ,diminuo o incômodo que sempre tive com a estirpe dos pobres de espírito.
O importante que fica, não é o personagem, mas a situação descrita reflexo do que rola por aí .
Advogo simplesmente pelo direito de ter medo e portanto ser respeitado por esse direito.
sexta-feira, 15 de junho de 2007
Querer Não É Poder
Quarta-feira foi o primeiro jogo final da Libertadores - Boca x Grêmio - em Buenos Aires.
Os jogos na Argentina possuem a sistemática interessante do "time da casa" colocar o oponente no "corner" . Digo Argentina, pois é uma característica manifestada pela cultura do país.
Time brasileiro, com o mando de campo, cria "estratégias"de sufocar o adversário usando o estádio a favor, porém nem de longe alcança um efeito similar ao argentino. É questão de cultura e não de vontade.
Na Bombonera (estádio do Boca) , caixas de som amplificam o barulho da torcida, de modo que o time em campo não consegue ao menos se comunicar. A Torcida joga milhares de papel picado (como nunca vi em outro país) e a cor da bola é da mesma cor dos papéis o que gera mais confusão.
O cenário criado é quase sempre de um delírio, um transe que o time adversário sofre e quando retorna à realidade já está no vestiário derrotado.
Enquanto isso nossos sábios comentaristas esportivos ficam presos às questões técnicas , assumindo essa variável como determinante para o resultado da partida. Ou dizem baboseiras como "que se lá é assim , também podemos ser, pois somos amantes do futebol blá blá blá..."
Esquecem que o nosso país desportista, diferente dos muchachos vizinhos, tem a cultura políticamente correta do "fair play". Dieguito e o alma branca Pelé são os símbolos máximos deste antagonismo.
Os jogos na Argentina possuem a sistemática interessante do "time da casa" colocar o oponente no "corner" . Digo Argentina, pois é uma característica manifestada pela cultura do país.
Time brasileiro, com o mando de campo, cria "estratégias"de sufocar o adversário usando o estádio a favor, porém nem de longe alcança um efeito similar ao argentino. É questão de cultura e não de vontade.
Na Bombonera (estádio do Boca) , caixas de som amplificam o barulho da torcida, de modo que o time em campo não consegue ao menos se comunicar. A Torcida joga milhares de papel picado (como nunca vi em outro país) e a cor da bola é da mesma cor dos papéis o que gera mais confusão.
O cenário criado é quase sempre de um delírio, um transe que o time adversário sofre e quando retorna à realidade já está no vestiário derrotado.
Enquanto isso nossos sábios comentaristas esportivos ficam presos às questões técnicas , assumindo essa variável como determinante para o resultado da partida. Ou dizem baboseiras como "que se lá é assim , também podemos ser, pois somos amantes do futebol blá blá blá..."
Esquecem que o nosso país desportista, diferente dos muchachos vizinhos, tem a cultura políticamente correta do "fair play". Dieguito e o alma branca Pelé são os símbolos máximos deste antagonismo.
quinta-feira, 14 de junho de 2007
Dialética da Vida
O sábio Hélio Pellegrino (marxista, médico, poeta, apaixonado, psicanalista) escreveu em vida o texto abaixo, que interferi um pouco para torná-lo mais compreensivo.
É de saborear as palavras e o sentido que o autor dá à vida quando fala da morte:
"Viver é , em última análise, lutar contra a morte.
A morte nos trabalha, na mais íntima espessura do nosso ser, no silêncio absoluto, a pulsar dia e noite sua ausência infinita.
Integrar a morte na vida implica proferir a palavra - ou construir o gesto - que se contraponha a esse silêncio altíssimo do mistério da morte, de modo a representá-lo, através da decisão de existir.
Quem vive modula - tenta dar forma - a esse silêncio absoluto, procura criar referências, relativas e finitas, que lhe sirvam de significante."
Amigas(os)*, que olhar cabal sobre nossas vidas!!
*A convenção pede Amigos(as), mas que tal começarmos a inverter como na forma acima valorizando ainda mais o espaço feminino a ser conquistado.
É de saborear as palavras e o sentido que o autor dá à vida quando fala da morte:
"Viver é , em última análise, lutar contra a morte.
A morte nos trabalha, na mais íntima espessura do nosso ser, no silêncio absoluto, a pulsar dia e noite sua ausência infinita.
Integrar a morte na vida implica proferir a palavra - ou construir o gesto - que se contraponha a esse silêncio altíssimo do mistério da morte, de modo a representá-lo, através da decisão de existir.
Quem vive modula - tenta dar forma - a esse silêncio absoluto, procura criar referências, relativas e finitas, que lhe sirvam de significante."
Amigas(os)*, que olhar cabal sobre nossas vidas!!
*A convenção pede Amigos(as), mas que tal começarmos a inverter como na forma acima valorizando ainda mais o espaço feminino a ser conquistado.
terça-feira, 12 de junho de 2007
Puta Amada Salve Salve!!
Hoje, li na Gazeta Mecantil que nosso excelentíssimo presidente da república diz que "A América Latina não pode ser tratado como país de terceiro mundo que não consegue sediar eventos como Pan, Olimpíada e Copa"
Minha crítica não é diretamente ao presidente, mas ao imaginário popular brasileiro apegado a espetacularidades.
Sediar Copa do Mundo, Olimpíada ou Pan é para um país que já resolveu problemas básicos de saúde, educação e sanamento básico ( isso mesmo, xixi e cocô sem esgoto)
Ainda mais que, diferentemente de outros países que sediaram tais competições internacionais, aqui, o capital investido em infra estrutura é quase na sua totalidade, público. Por outro lado , no exemplo recente da copa na Alemanha, a principal fonte de capital investido foi privado.
Assumir a condição de terceiro mundo é um passo para superá-la. Negá-la como o país faz, se auto-proclamando país em desenvolvimento ou emergente é tangenciar os problemas reais.
Caro Presidente, não é sediando estes eventos que mensuramos nossa condição de país sub/desenvolvido. A não ser que, o "olhar superficial estrangeiro" admirando contruções olímpicas e nossa capacidade de realização seja mais importante para categorizar nosso estágio sócio-econômico do que nosso "profundo olhar brasileiro" que sabe muito bem qual é o salário dos professores.
Corroboro com os Titãs :" a gente não quer só comer, a gente quer comer e quer fazer amor", porém esse pan e a disputa pela copa 2014 são putas em que a foda tem saído muito cara.
Minha crítica não é diretamente ao presidente, mas ao imaginário popular brasileiro apegado a espetacularidades.
Sediar Copa do Mundo, Olimpíada ou Pan é para um país que já resolveu problemas básicos de saúde, educação e sanamento básico ( isso mesmo, xixi e cocô sem esgoto)
Ainda mais que, diferentemente de outros países que sediaram tais competições internacionais, aqui, o capital investido em infra estrutura é quase na sua totalidade, público. Por outro lado , no exemplo recente da copa na Alemanha, a principal fonte de capital investido foi privado.
Assumir a condição de terceiro mundo é um passo para superá-la. Negá-la como o país faz, se auto-proclamando país em desenvolvimento ou emergente é tangenciar os problemas reais.
Caro Presidente, não é sediando estes eventos que mensuramos nossa condição de país sub/desenvolvido. A não ser que, o "olhar superficial estrangeiro" admirando contruções olímpicas e nossa capacidade de realização seja mais importante para categorizar nosso estágio sócio-econômico do que nosso "profundo olhar brasileiro" que sabe muito bem qual é o salário dos professores.
Corroboro com os Titãs :" a gente não quer só comer, a gente quer comer e quer fazer amor", porém esse pan e a disputa pela copa 2014 são putas em que a foda tem saído muito cara.
sábado, 9 de junho de 2007
Conto de Amor
O roteiro para chegar na longínqua casa charmosa fora incrivelmente escrito. A explicação foi uma, a interpretação foi outra, e não sei como o destino traçado foi alcançado. Alguns fenômenos inexplicáveis, conforme aprendi com o amigo Nelson, são chamados pelos matemáticos de coincidência.
O povo que habita a região é de uma verdade universal. Devemos lembrar que somos homem-bicho. Películas de civilidade distanciam da nossa primitividade.
Chegamos à casa, tomamos caldinho de feijão, comemos feijoada, bebemos cerveja de garrafa, sentamos ao lado da lareira, em uma casa “madeirada” pelo grave tom marrom-escuro. Ouvimos doces vinis, comemos bolo de laranja e de rolo com café, Conversamos papos-cabeças e papos engraçados.Convivemos na casa com pessoas “low-profile” que buscavam e conseguiam harmonizar o ambiente. O frio pedia aconchego e cobertores foram providenciados. A natureza corroborava com todo este estado de espírito. A casa é encravada na mata.
Fomos embora felizes por gozar de um raro dia, de amor em grupo!
O povo que habita a região é de uma verdade universal. Devemos lembrar que somos homem-bicho. Películas de civilidade distanciam da nossa primitividade.
Chegamos à casa, tomamos caldinho de feijão, comemos feijoada, bebemos cerveja de garrafa, sentamos ao lado da lareira, em uma casa “madeirada” pelo grave tom marrom-escuro. Ouvimos doces vinis, comemos bolo de laranja e de rolo com café, Conversamos papos-cabeças e papos engraçados.Convivemos na casa com pessoas “low-profile” que buscavam e conseguiam harmonizar o ambiente. O frio pedia aconchego e cobertores foram providenciados. A natureza corroborava com todo este estado de espírito. A casa é encravada na mata.
Fomos embora felizes por gozar de um raro dia, de amor em grupo!
Universo ou Ciência
Voltando ontem de Vitória para o Rio, encontro um amigo dos tempos de universidade que há muito não via.
Depois de 8 anos distantes, Gilson, felizmente, na essência continua o mesmo. Engraçado e inteligente, bebemos e conversamos, entre boas gargalhadas da aeromoça.
Surpreendo-me quando Gilson diz que há mais ou menos 5 anos a Unicamp não permite venda de bebida alcoólica e nem festa dentro do campus.
A cerveja e as festas são importantes dentro de um espaço de socialização, de trocas, de reconhecimento das diferenças, principalmente para jovens em formação.
Universidade, como o próprio nome já diz, vem de universo que é muito mais do que ciência. A Unicamp, com todo orgulho, foi para mim, um lugar para Aprender como também, para “Desaprender”.
O estrangulamento do subjetivo, a impossibilidade de reflexão vagabunda são sinais de um mundo pragmático que homogeneíza mais os jovens, limitando-os dentro de suas verdades burguesas.
A Unicamp recrudesce ao status de pólo científico. Sua outra parte vital está sendo levada pelo tempo...
Depois de 8 anos distantes, Gilson, felizmente, na essência continua o mesmo. Engraçado e inteligente, bebemos e conversamos, entre boas gargalhadas da aeromoça.
Surpreendo-me quando Gilson diz que há mais ou menos 5 anos a Unicamp não permite venda de bebida alcoólica e nem festa dentro do campus.
A cerveja e as festas são importantes dentro de um espaço de socialização, de trocas, de reconhecimento das diferenças, principalmente para jovens em formação.
Universidade, como o próprio nome já diz, vem de universo que é muito mais do que ciência. A Unicamp, com todo orgulho, foi para mim, um lugar para Aprender como também, para “Desaprender”.
O estrangulamento do subjetivo, a impossibilidade de reflexão vagabunda são sinais de um mundo pragmático que homogeneíza mais os jovens, limitando-os dentro de suas verdades burguesas.
A Unicamp recrudesce ao status de pólo científico. Sua outra parte vital está sendo levada pelo tempo...
terça-feira, 5 de junho de 2007
Obra de Arte
Impossível falar sobre esse Filme sem ser boçal. “Bandido da Luz Vermelha” é uma obra de arte. O máximo que consigo expressar sobre o filme é reles perto do que ele seja.
Peço a todos que assistam a essa obra de arte.
Trilha sonora esplêndida, atores magníficos, câmera pirante, roteiro absurdamente bom, diálogos irrepreenssíveis. Som de uma clareza ímpar.
Esse filme abre novos campos de percepção. Campos do que é cinema, campos do além do certo e do errado, campos imaginários do humano. Não me aproprio do filme pois não consigo tê-lo em mãos. O diretor bebeu na fonte de Orson Wells e Godard.
É uma obra Dialética. Além do irônico.
Os atores sabem o seu papel. Tem um lance de alma entre os personagens e os atores. O filme é de 68. O cinema nacional brasileiro tem motivos suficientes para se orgulhar com este filme. Segundo os atores Paulo Villaça e Hellena Ignez em entrevista posterior ao filme, eles tinham certeza que estavem fazendo um barato além.
Será um filme descoberto pelo próprio brasil e pelo mundo ou será uma relíquia tristemente esquecida.
Peço a todos que assistam a essa obra de arte.
Trilha sonora esplêndida, atores magníficos, câmera pirante, roteiro absurdamente bom, diálogos irrepreenssíveis. Som de uma clareza ímpar.
Esse filme abre novos campos de percepção. Campos do que é cinema, campos do além do certo e do errado, campos imaginários do humano. Não me aproprio do filme pois não consigo tê-lo em mãos. O diretor bebeu na fonte de Orson Wells e Godard.
É uma obra Dialética. Além do irônico.
Os atores sabem o seu papel. Tem um lance de alma entre os personagens e os atores. O filme é de 68. O cinema nacional brasileiro tem motivos suficientes para se orgulhar com este filme. Segundo os atores Paulo Villaça e Hellena Ignez em entrevista posterior ao filme, eles tinham certeza que estavem fazendo um barato além.
Será um filme descoberto pelo próprio brasil e pelo mundo ou será uma relíquia tristemente esquecida.
Mercadinho Verde e Amarelo
O comportamento da seleção tupiniquin de “futebol– mercadoria” se explica nas leituras do bom e velho Karl Marx.
Vi pela tv , hoje, o jogo Brasil x Inglaterra, além de ter assistido aos jogos da copa “in loco” na Alemanha.
Velho Marx, no livro célebre O Capital, comenta sobre o trabalhador na lógica de mercado capitalista:
“Alguém que levou a sua própria pele para o mercado e agora não tem mais nada para esperar, exceto o – curtume.”
A seleção brasileira inserida num contexto de aprofundamento das relações capitalistas de produção em pleno século XXI espelha estes condicionantes dentro das quatro linhas do campo.
Exemplos como Robinho teatralmente fazendo as mesmas caras e bocas depois de perder um gol, rostos artificialmente compenetrados, o estufar do ego diante da explosão da conta bancária, e Ronaldinho Gaúcho sorrindo “seu sorriso franco e puro para um filme de terror” ( aspas roubadas do trecho musical de Raulzito) são situações metabolizadas pelas relações capitalistas marketing – dinheiro – mídia - fama.
O triste é que do outro lado da moeda, o amor, paixão pelo time , a vontade infantil , o instintivo espírito competitivo, elementos originários do Esporte bretão se enfraquecem, e começam a ressoar românticos.
Se o comunismo traria de volta o lado bom da moeda não posso afirmar, mas com certeza não haveria essa falsidade mercadológica que atualmente mais do que arrancar a pele , leva junto a própria alma..
Vi pela tv , hoje, o jogo Brasil x Inglaterra, além de ter assistido aos jogos da copa “in loco” na Alemanha.
Velho Marx, no livro célebre O Capital, comenta sobre o trabalhador na lógica de mercado capitalista:
“Alguém que levou a sua própria pele para o mercado e agora não tem mais nada para esperar, exceto o – curtume.”
A seleção brasileira inserida num contexto de aprofundamento das relações capitalistas de produção em pleno século XXI espelha estes condicionantes dentro das quatro linhas do campo.
Exemplos como Robinho teatralmente fazendo as mesmas caras e bocas depois de perder um gol, rostos artificialmente compenetrados, o estufar do ego diante da explosão da conta bancária, e Ronaldinho Gaúcho sorrindo “seu sorriso franco e puro para um filme de terror” ( aspas roubadas do trecho musical de Raulzito) são situações metabolizadas pelas relações capitalistas marketing – dinheiro – mídia - fama.
O triste é que do outro lado da moeda, o amor, paixão pelo time , a vontade infantil , o instintivo espírito competitivo, elementos originários do Esporte bretão se enfraquecem, e começam a ressoar românticos.
Se o comunismo traria de volta o lado bom da moeda não posso afirmar, mas com certeza não haveria essa falsidade mercadológica que atualmente mais do que arrancar a pele , leva junto a própria alma..
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