quinta-feira, 21 de junho de 2007

Paraíso dos Sebos

Tenho por princípio fazer "viagens maravilhosas" dentro dos Sebos. São Paulo e Rio são verdadeiros recantos deste mundo à parte.
Entrar em um sebo é diferente de uma livraria. No sebo, a racionalidade webberiana não impera. Há, ainda hoje, uma manualização na organização interna dos sebos. O preço é um achado dentro da capa que pode esquecido de ser atualizado, os livros podem estar fora de ordem e o atendente pode ser um apaixonado por livros e um péssimo prestador de serviços.
Meu velho amigo Tiago, argutamente, sempre questiona as duvidosas vantagens do mundo "prático" contemporãneo.
"Migalhas sinceras me interessam" já dizia Cazuza. O sebo não está dentro da lógica shumpeteriana de dinamização da economia pela "destruição Criativa" (destruir o passado para gerar o novo). Pelo contrário, o sebo tem seu giro na possibilidade de troca e não no descarte e produção do novo.
Lá podem ser achados livros raros a preços módicos. Porém, para quem tem problema com pó ( o legal, claro) sebo não é uma boa pedida.
Muitas vezes, durante o percurso por um livro específico , escorrega da prateleira um outro que não estava no script, e que se tranforma no herói do dia.
Capítulo à parte, são as anotações que os ex-leitores fazem. É uma delícia ver sublinhados partes que você não foi tocado ou ser tocado pela mesma passagem do antigo leitor. São idéias, pensamentos pessoais que enriquecem ainda mais o texto original. Livro é para usar e não para guardar e uma boa experiência de sacar como cada um vê o mundo.
Lembro-me de especialmente um livro do autor americano Storr ( nunca mais esqueci esse nome) fez sobre a teoria yungiana. A leitora , não sei porquê sismei que ela fosse leitora e não leitor (talvez pela letra e "pegada"na escrita) não aguentava o que Storr escrevia e lá pela metade do livro, entre um capítulo e outro, faz um cômico desabafo do mau que Storr estava lhe causando .
José Luiz Borges uma vez escreveu que sonha o paraíso como uma espécie de livraria.
Já o meu paraíso, caro Borges, é uma espécie de sebo. E como o paraíso é um lugar para idealizarmos mesmo , que tal colocar a amada pelada no meio dos livros.

Um comentário:

LudoValle disse...

amada pelada no meio dos livros, cometário bem breniano haha
parabéns o blog tá show!
Beijinhos LU