Cláudio vende carnê do baú da felicidade. Feito seu chefe , sorri , afaga a dona-de-casa e depois de contar sobre os milhões que ela pode ganhar deixa pro final a cereja do bolo - Sílvio Santos vai ligar para a sua casa agradecendo ao carnê adquirido. A gravação da voz de Sílvio já vale como prêmio. Cláudio tem 22 anos. Não gosta do que faz. Apesar de fazer bem. No caminho até o trabalho fica intrigado pensando que o que vende é sonho. Alivia ao lembrar que é o mesmo que vende o arquiteto, escritor ou o padeiro. Alivia ainda mais ratificando que é o que todo mundo vende. Cláudio só acha que ganha pouco. Aí, o negócio é real.
Cláudio soube um dia que Sílvio foi expulso como camelô e foi tentar rádio e tv. Admira a coragem do patrão além das cores do início de Hollywood nos cenários do programa.
O que não admira é trabalho de garçom. Cláudio implica dizendo que o trabalho é moleza e que ele faria aquilo com os “pés nas costas”. Mal sabia que suas recorrentes faltas para ficar namorando, bebendo no botequim e sacaneando garçom, levariam a sua demissão. Avisou a família que era contenção de despesas do patrão. Deixou a ilusão de Sílvio e do carnê de lado. Ou melhor, foi mudar de vida. Mas garçom ele não ia ser. Preferiu o tráfico. Dinheiro rápido sem ilusão boba. Hoje vende droga no morro que sempre morou. Prá sonhar, comprou carnê dia desses. Se vingou. Desligou na cara do antigo patrão.
sábado, 29 de março de 2008
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