Sexta-feira à noite , depois de uma bucólica volta de bike pelo aterro, com direito a parada para assistir à um filme no MAM, chego no prédio e deparo- me com um homem seguido pelo seu cachorro, sem a coleira. Estou eu atrás destas duas cândidas criaturas.
Elevador parado no térreo, o homem gentilmente abre a porta para eu entrar. Respondo:
Pode ir que depois eu vou.
Ele faz um aceno com a mão indicando minha entrada .
Adentro o pequeno espaço, segurando a bicicleta na vertical e o cara com o dedo posicionado no botão luminoso, me pergunta:
Qual é o andar?
Respondo que é o nono
O cachorro vira o rosto e dá uma sacada em mim. Me afasto vagarosamente lembrando daquele paradoxo tragi-cômigo "Se mostrar que tá com medo, o cachorro percebe".
O dono, como um pai sisudo, fala ao filho:
- Cóóóóbi!
Conto a ele sobre um fato recente que aconteceu no prédio - uma senhora foi mordida por um cachorro.
Ele responde:
Se acha que ele mordesse, ficaria sem coleira?
E prossegue:
Se tem alguém que pode morder sou eu ( frase pronta que já deve ter repetido outras vezes)
Chega seu andar e ele vai saindo enquanto eu falo:
Prioridade é para as pessoas.
Ele me fita com "cara de merda" fechando o elevador mais brusco que o usual.
Ele é um pesonagem que vejo a boçalidade do seu ato, do seu gestual, do seu tipo, incorporado ao reino literário. Ao apreendê-lo como tal ,diminuo o incômodo que sempre tive com a estirpe dos pobres de espírito.
O importante que fica, não é o personagem, mas a situação descrita reflexo do que rola por aí .
Advogo simplesmente pelo direito de ter medo e portanto ser respeitado por esse direito.
segunda-feira, 18 de junho de 2007
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5 comentários:
Tá certo, Breno. Do jeito que você é GATO, tem mesmo que ter medo de cachorro.
Pra mim vc foi o típico chato. Vc ficou com medo - até aí, tudo bem. O cara disse q o cachorro ñ morde, q mais fácil ele mesmo morder. Pronto, morreu o assunto. Vc ñ tinha nada q ter completado com "a prioridade é das pessoas". O cara se sentiu provocado c essa frase.
Breno!
Esse elevador só tem o merecimento do cão e da bicicleta.
1- O cão já aprendeu sobre amor incondicional.
2- A bicicleta já nasceu com a oportunidade de servir.
E vocês dois deviam ir de escada juntos pra ter tempo de apreciar o que o "Cóóóbi" e a "magrela" já introjetaram das naturezas deles próprios, o que certamente, vocÊs dois, ainda não.
"As águas dos mares de hoje são as mesmas de todos os séculos atrás."
O nome é do Conrado, mas foi a Rita quem pincelou!!!
Concordo com vc! Ninguém tem obrigação de gostar de conviver entre cães!
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