segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

Estética e Amizade parte I

Amizade é aquilo que sinto em boas conversas na mesa de bar.
Variando o papo entre amor, dor, vida, sociedade, cinema, ciência, o amigo completa o que me falta. O silêncio consentido nos acalma. A cerveja dividida nos afaga. A discordância do amigo excita e nos faz repensar.
Neste clima ouvi do ótimo amigo Rômulo uma definição de estética a partir de suas leituras do século dezenove, como a "forma que você sente".
Portanto, mesa de bar com amigo é uma solução estética que gosto. Mas não é qualquer bar, estou bem nos botecos em que cerveja de garrafa é vendida, o bar é extensão da casa, com mesas e cadeiras para poder beber, conversar e viajar.
É bom conhecer a estética própria que nos potencializa como ser humano. Não sendo a solução estética própria, estaremos pela metade e portanto nossa potência humana não será exercida plenamente.
Se estou em uma choperia não é uma solução estética que me agrada. A idéia individual do chopp, o garçom em uma sede de enfiar mais chopps goela abaixo, o sentimento de profissionalismo me incomoda. Em compensação o Elite bar em Maria das Graças...Porém para muitos, a choperia se encaixa perfeitamente, talvez por outras questões estéticas como o ambiente "clean", pessoas "bonitas" (sic)...
A estética possui um caráter pessoal, a forma que cada um se assujeita (dei uma de Guimarães Rosa) no mundo , faz com que nos identifiquemos com determinado olhar. Portanto a forma estética concretizada no Elite bar que me agrada deve-se aos valores constituídos ali que me fazem sentir bem, os quais seriam: o olhar natiural das pessoas sem pose, a idéia solidária da cerveja, a possibilidade de sentar na calçada e papear, a sinceridade do subúrbio, a paixão pelo popular.
Nesse vagar, vamos construindo concepções estéticas em nossas vidas. Mais do que o boteco , cada um possui no seu âmago uma estética para casa , para mulher, etc..
Inteireza potente é aderir o olhar estético pessoal com a realidade cotidiana.
Este assunto deveria ser mais popularizado. Como disse mais ou menos assim, a formidável Clarice Lispector: " muitas vezes compreendemos uma palavra que até então não conhecíamos seu significado e a partir deste momento novas visões de mundo são adicionadas, transformando as visões já existentes".

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