quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

TUBO

Seis da tarde. O noticiário televisivo despenca casos de violência ocorridos em várias partes da cidade. Seis pessoas sentadas não piscam, estão todos com seus corpos imersos na violência produzida pelo tubo. Mesas apontam como um canhão para o tubo.
Em uma mesa mais afastada, um casal divaga assuntos prosaicos.
As seis pessoas se impressionam com o roubo a banco do outro lado da cidade. Olham para o tubo. O tubo assusta e não mente. O casal da mesa mais afastada papeia sobre a diva Marylin Monroe. Um beijo de cumplicidade. Seis pessoas estão entubadas recebendo notícias violentas. Sentem o impacto das notícias espetaculares, ficam abaladas. Não conversam, de vez em quando soltam no ar um "filho da puta". São receptores das notícias geradas pelo tubo. O casal da mesa mais afastada lembra de como a vida tem seus momentos tristes e felizes. Buscam perguntas e respostas, vão atrás. A notícia violenta termina, os homens-receptores relaxam pois é a hora de ver os gols do fim-de-semana. O Tubo não falha.

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